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VIVEIROS COMUNITÁRIOS
Os viveiros desempenham um papel crucial na garantia da manutenção e reprodução da agrobiodiversidade nas comunidades tradicionais. Eles fortalecem a saúde ambiental, promovem a segurança e soberania alimentares e nutricionais, e criam oportunidades para a geração de renda e trabalho. Além disso, os viveiros contribuem para a preservação de espécies nativas e a recuperação de ecossistemas degradados, integrando práticas sustentáveis que valorizam o conhecimento tradicional e a biodiversidade local.
PROBLEMA SOLUCIONADO
O acesso limitado aos meios e recursos necessários para a implantação, manutenção e manejo dos agroecossistemas é um fator crítico que restringe a reprodução das atividades agrícolas, de saúde, culturais e de conservação dos ecossistemas nos territórios das comunidades tradicionais. A necessidade de adquirir esses meios e recursos por compra impacta diretamente a autonomia dos processos produtivos da agricultura, bem como a transmissão e prática dos conhecimentos tradicionais. Além disso, essa dependência financeira afeta a economia das famílias, que precisam garantir recursos financeiros para essas aquisições.
A qualidade dos meios e recursos, como variedades de espécies florestais, sementes e mudas, também é um fator determinante para a manutenção do conhecimento tradicional, a sustentabilidade, a resiliência e a reprodução dos agroecossistemas. A falta de acesso a recursos de qualidade compromete a eficácia das práticas agroecológicas e a preservação da biodiversidade local.
Os viveiros garantem a disponibilidade de espécies florestais, sementes e mudas de alta qualidade, promovendo a sustentabilidade e a resiliência dos agroecossistemas. Além disso, a autonomia das comunidades é fortalecida, reduzindo a dependência financeira e permitindo a continuidade das práticas agrícolas e culturais tradicionais.
SOLUÇÃO ADOTADA
A estruturação de viveiros comunitários começa com um levantamento das demandas e objetivos da comunidade em relação à conservação da agrobiodiversidade, segurança alimentar, geração de renda e trabalho. Em seguida, é necessário identificar um local adequado para a implantação do viveiro, considerando fatores como disponibilidade de água, acesso fácil e proteção contra intempéries. A preparação da infraestrutura necessária inclui sombreamento, sistemas de irrigação e espaço para o cultivo das mudas.
O próximo passo é realizar um levantamento das espécies vegetais de interesse da comunidade, levando em conta sua importância cultural, alimentar e econômica. É essencial buscar sementes de qualidade, preferencialmente provenientes da própria região, considerando a diversidade genética e a adaptação ao ambiente local. O substrato adequado para o cultivo das mudas deve ser preparado, atendendo às necessidades específicas de cada espécie. O plantio das sementes ou a propagação vegetativa das mudas deve seguir técnicas apropriadas, e o desenvolvimento das mudas deve ser monitorado, garantindo cuidados como irrigação e adubação.
O manejo adequado do viveiro inclui a proteção contra pragas e doenças, controle de plantas invasoras e manutenção da infraestrutura. A troca de conhecimentos entre os membros da comunidade sobre as práticas de cuidado com as mudas e o manejo sustentável é promovida continuamente.
Um exemplo específico é o viveiro de plantas medicinais de uso tradicional guarani que está sendo implantado na Aldeia Yakãa Porã, em Ubatuba/SP. Este viveiro foi identificado como um meio importante para a manutenção do conhecimento e da biodiversidade manejada pelas famílias, especialmente pelas mulheres mais velhas. Após uma partilha realizada entre cinco aldeias guaranis dos municípios de Ubatuba/SP, Paraty e Angra dos Reis/RJ sobre medicina e saúde indígenas, uma lista de plantas foi elaborada pelas pessoas conhecedoras da saúde tradicional das aldeias. Ações para a manutenção e reprodução dessas espécies foram apontadas como essenciais. A implantação do viveiro na aldeia está em curso, refletindo um esforço coletivo para preservar e valorizar o conhecimento tradicional e a biodiversidade local.
RESULTADO ALCANÇADO
A implementação da tecnologia social dos viveiros comunitários traz benefícios significativos para as comunidades envolvidas. Primeiramente, promove e garante a segurança e soberania alimentares e nutricional, assegurando acesso contínuo a alimentos nutritivos e culturalmente apropriados. Além disso, incentiva a alimentação saudável ao integrar plantas medicinais e alimentos tradicionais na dieta diária, melhorando a saúde geral dos membros das comunidades.
A geração de emprego e renda é outro impacto importante, criando oportunidades de trabalho e possibilitando a comercialização de mudas e produtos derivados das plantas. Isso fortalece a economia local e a autonomia econômica das comunidades.
Os viveiros comunitários também desempenham um papel crucial na defesa do território e da sociobiodiversidade, conservando espécies vegetais de interesse cultural e econômico e protegendo a biodiversidade local. A valorização dos conhecimentos tradicionais associados a essas espécies fortalece a identidade cultural das comunidades.
Por fim, a produção, disseminação e uso de fitoterápicos são amplamente promovidos, facilitando o acesso a práticas tradicionais de cura e fortalecendo a medicina tradicional.
Em resumo, os viveiros comunitários alcançam resultados expressivos na promoção da segurança alimentar, alimentação saudável, geração de emprego e renda, defesa do território e da sociobiodiversidade, e na produção e uso de fitoterápicos, refletindo um avanço significativo na saúde, bem-estar e autonomia das comunidades envolvidas.