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QUINTAIS AGROFLORESTAIS
Os sistemas agroflorestais promovem a agrobiodiversidade, a conservação ambiental, a saúde ambiental, a segurança alimentar e a geração de renda. Mais do que técnicas de manejo, são práticas agroecológicas que contribuem para a conservação da biodiversidade, dos solos e das águas nas regiões tropicais. Os quintais agroflorestais, presentes em comunidades tradicionais que enfrentam restrições ao uso da terra, são implantados nos quintais das famílias e em quintais compartilhados. Majoritariamente manejados por mulheres devido à proximidade com as casas, esses quintais fortalecem a visibilidade e o reconhecimento do trabalho feminino, destacando sua importância na sustentabilidade e na economia local.
PROBLEMA SOLUCIONADO
Algumas práticas agrícolas das comunidades tradicionais envolvem a supressão da cobertura florestal para a abertura de novas áreas de cultivo e, ocasionalmente, o uso do manejo do fogo como método para eliminar a vegetação e disponibilizar nutrientes provenientes das cinzas para as culturas a serem implantadas. Essas práticas podem resultar na degradação dos solos, redução de sua fertilidade, alteração de sua biologia, além de comprometer a capacidade de manutenção e reprodução dos ciclos das águas e da biodiversidade.
Adicionalmente, é importante considerar que muitas comunidades tradicionais têm seus territórios sobrepostos por unidades de conservação de proteção integral, o que impõe restrições ao manejo da cobertura florestal e ao uso do solo. Nesse contexto, os sistemas agroflorestais surgem como uma alternativa de produção e manejo que permite a manutenção e o fortalecimento da resiliência dos ecossistemas. No entanto, essas restrições frequentemente limitam a área de manejo das famílias apenas aos seus quintais, dificultando a implementação de práticas agrícolas mais amplas.
SOLUÇÃO ADOTADA
Como meio de criar alternativas de manejo de vegetação sem necessariamente realizar a supressão vegetal florestal e fortalecer sistemas agrícolas que promovam a fertilidade dos solos, a manutenção da agrobiodiversidade e, por consequência, o aumento dos usos múltiplos dos agroecossistemas, são propostos os arranjos agrícolas baseados nos sistemas agroflorestais.
As comunidades tradicionais da Bocaina recebem assessoria técnica na implantação e manutenção de áreas de agroflorestas. Essa assessoria tem como objetivo dialogar sobre os saberes caiçaras, quilombolas e indígenas no manejo dos recursos florestais. As práticas de manejo dos quintais agroflorestais promovem o desenvolvimento diferenciado das espécies e podem ser combinadas com leguminosas, aumentando a segurança alimentar das comunidades.
O uso de agroflorestas em Unidades de Conservação promove o estabelecimento dos povos tradicionais em seus territórios e indica processos desejáveis para a recuperação de áreas degradadas. As partilhas em agroflorestas e agroecologia abrem um diálogo com as comunidades tradicionais sobre a diminuição do uso do fogo nos roçados, o aproveitamento da matéria orgânica como fonte de nutrientes, o aumento da produtividade dos sistemas agrícolas e o incremento de variedades de plantas nos roçados com espécies frutíferas e florestais. Além disso, discute-se nas comunidades as diversas formas de comercializar a produção, bem como a valorização crescente dos produtos da sociobiodiversidade, oriundos da agricultura familiar.
RESULTADO ALCANÇADO
Os resultados alcançados incluem o apoio à implantação e manutenção de sistemas agroflorestais nas comunidades tradicionais quilombolas do Quilombo da Fazenda, em Ubatuba/SP, e no Quilombo do Campinho, em Paraty/RJ, por meio da realização de mutirões, destacadamente protagonizados pela juventude. Foram realizadas visitas aos sistemas agroflorestais como meio de partilha e construção do conhecimento sobre seu manejo. Além disso, houve a aquisição de equipamentos e ferramentas dedicados ao manejo dos sistemas agroflorestais, visando diminuir o trabalho durante a realização das práticas de manejo necessárias. Também foram adquiridas mudas e outros elementos essenciais para a recuperação de sistemas agroflorestais impactados por eventos decorrentes da crise climática.